sexta-feira, 28 de maio de 2010

A viagem de 1929 à América do Sul

Em 1929 Le Corbusier visitou o Rio e São Paulo, durante uma viagem à América do Sul iniciada por Buenos Aires. Seus anfitriões sul-americanos foram Victoria Ocampo, escritora argentina de elite (de quem, aliás, partira o convite inicial para a viagem), e Paulo Prado, grande fazendeiro de café e também escritor, além de homem influente na política brasileira.(7) Ele havia patrocinado em 1922 uma Semana de Arte Moderna e se apresentava como uma espécie de mecenas para os animadores da arte de vanguarda em São Paulo.
Para Le Corbusier, a oportunidade da visita à América do Sul, incluindo o Brasil, surgiu em uma fase de transição nos planos profissional e intelectual. Daí seu interesse. O trabalho como editor de L'Esprit Nouveau a partir de 1920 e como autor de textos polêmicos sobre a arquitetura do século XX já estava reconhecido e se transformara em encomendas de projetos de villas e apartamentos por parte de uma clientela composta predominantemente por artistas e amadores de arte de vanguarda que moravam na região parisiense. Ademais, ele era conhecido em vários países onde havia assinantes de sua revista. Os princípios construtivos e as soluções espaciais que proclamava para a habitação individual estavam, por assim dizer, comprovados. O enorme sucesso da Ville Savoye, em Poissy, nos arredores de Paris, em 1928, fora a melhor evidência do reconhecimento que já obtivera como arquiteto-artista. Cada vez mais, ao longo dos anos 20, a atenção de Le Corbusier se voltou para o urbanismo mas, nesse terreno, nem a França, nem seus vizinhos, podiam oferecer-lhe o que mais necessitava: encomendas capazes de fazer avançar as questões de urbanismo que seu trabalho como arquiteto vinha suscitando.

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